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CARTA A UM FILHO ADOLESCENTE
Meu filho.

É fácil perceber que nós, seus pais, estamos envelhecendo, o que é natural, mas podemos dizer de nossa alegria pela dádiva do Senhor em nos presentear com você, filho amado.
            Dizer o quanto te amamos é dispensável porque você sabe disso e esta carta tem o objetivo de primeiramente lembrar a você que somos humanos e como tal sujeitos aos erros comuns a todos nós que mourejamos neste pobre planeta.
            Em segundo lugar, lembrar que não estamos lhe escrevendo estas linhas para falar de nós, pais, mas de você, do quanto é importante para nós, o quanto é especial ter um filho e poder ver nele nossa continuação, a confirmação do amor que transcende as palavras.
            Da imensa alegria em te colocar no mundo não precisamos dizer, mas do orgulho que sentimos por tudo que você representa, por seu carinho, sua sensibilidade e compaixão.
            Hoje, relembramos que é necessário dar valor as coisas mais simples, como um abraço, um sorriso, um gesto de apoio, um nada que é tudo a quem nada possui e você tem esse dom, porque te criamos com muito amor e compreensão, e, apesar de todas as dificuldades que a vida se nos apresenta no dia a dia, você é um jovem belo, inteligente e sadio, mental e materialmente.  
            É hora de encarar a vida de frente, com destemor e respeito, mas com valentia e honra.
            Não sabemos qual caminho você quer seguir, qual a profissão está em seus sonhos, mas não importa, o que seja, estamos ao seu lado como sempre estivemos, com o apoio certo das horas incertas, nossos corações abertos e o aconchego da família a te acolher.
            Certamente a vida lhe reservará surpresas agradáveis e outras nem tanto, mas em todos esses momentos, principalmente os mais difíceis, lembre-se da família que te ama, dos exemplos de dignidade e honestidade que pudemos lhe transmitir e diga ao destino em alto e bom tom: Não, eu não fraquejarei nas provas da vida, porque residem em mim a chama do amor mais belo do mundo, a força mais poderosa e o amanhã mais sorridente, porque tenho uma família, um lar e isso me basta.
Walter de Oliveira Bariani

            
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HUMILDADE FRANCISCANA
Minha gente, boa tarde.
As vezes me pego pensando sobre os caminhos que a humanidade já percorreu e os que ainda precisa palmilhar para encontrar o desiderato maior da creação que é a perfeição.
Não há como duvidar desta meta perfectível, uma vez prometida por todos os avatares que por aqui passaram, destaque maior para Jesus, o Cristo, quando vaticinou: “sede perfeitos, como perfeito é o Pai”. 
O ser humano vai, gradativamente, alcançando patamares mais elevados à medida em que avança no caminho do bem e do amor ao próximo, estacando a caminhada quando envereda pelos desvios dos vícios, tanto morais quanto de costumes, praticando o mal, o ódio, a inveja, o rancor, enfim, o desamor.
Felizmente, nós, meros mortais, recebemos ao longo dos milênios em que nos arrastamos pela crosta terrestre encarnação pós encarnação, visitas de espíritos iluminados que aqui chegam e reencarnam exatamente para dar seu testemunho de amor e paz.
Neste contexto, reverencio uma das figuras mais extraordinárias que pisou o solo terreno, cuja vida foi um exemplo de amor, dedicação ao próximo e absoluta fé no Grande Arquiteto do Universo, que é o mesmo Deus dos cristãos, Jeová dos judeus, Ala dos maometanos, e assim por diante. Não importa o nome da divindade, importa que tenhamos consciência que é o mesmo em todos os lugares do mundo.
Mas, a personagem a que me refiro é Francisco de Assis, cuja vida marcou fortemente todas as gerações desde seu advento.
Contam que em uma determinada ocasião, Francisco saiu, como de costume, a pedir auxilio para os pobres dos quais cuidava com muito amor e desvelo.
Chegando à casa de um rico mercador, bateu à porta e foi atendido pelo proprietário, cuja reação foi a de fechar a porta imediatamente, para não atender àquele jovem, postado humildemente à soleira de sua porta.
Francisco, imediatamente, antecipando a grosseria do individuo, estendeu a mão e pediu uma esmola para os pobres, mas recebeu como resposta uma cusparada em plena face, sob o riso escarninho daquele homem mal educado.
O jovem recebeu a ofensa, retirou do bolso de seu burel um pano, limpou a peçonha e, calmamente, humildemente, voltou a estender a mão e falou firme, determinado, mas com imensa doçura:
– Obrigado, meu senhor. O que é meu já recebi de vós, agora, quero o que é dos pobres. 
O mercador, surpreso pela atitude gigantesca daquele humilde homem à sua porta, atingido pela superioridade moral de Francisco, caiu de joelhos por terra e, envergonhado, desatou em choro copioso, a destilar nas lágrimas sua pobreza espiritual ante a imensa riqueza moral de Francisco de Assis.
Francisco não foi apenas humilde, mas também, caridoso e magnânimo para com aquele homem grosseiro e repleto de mágoas e ressentimentos, que aprendeu naquele momento, o valor do amor fraternal.
Francisco de Assis, este sim, merece o titulo de santo.
Walter de Oliveira Bariani
Maio de 2015

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A LIÇÃO DO MESTRE
Minha gente, bom dia.
Existem passagens nas vidas das pessoas que nunca foram reveladas, seja por simplesmente não despertar maiores interesses, tanto o personagem quanto o assunto, ou mesmo por terminarem nos escaninhos da memória e ali se perder por tempos e tempos.
Essas passagens ocorrem tanto na vida das pessoas ditas comuns, quanto na dos importantes e até mesmo com os avatares de todos os tempos, e Jesus de Nazaré também não escapou à regra.
Muitas passagens da vida do Irmão Maior nunca foram divulgadas ou se o foram, ocuparam pouco ou nenhum espaço nos evangelhos sinóticos, seja por desinteresse ou por motivos outros que não vem ao caso agora debater. 
Dizem que o Mestre caminhava por uma das cidades da Judéia em companhia de seus discípulos, quando ao longe divisaram uma carcaça de um cachorro em adiantado estado de putrefação, exalando mau cheiro e asco.
Pedro, que se achava o preferido do Mestre, caminhava a seu lado e à medida que avançavam em direção à carniça, começou a ficar incomodado e, sub-repticiamente, empurrava Jesus para o outro lado da rua, tencionando passar ao largo da fedentina.
Jesus, observando a atitude do discípulo, permaneceu firme em seu caminho, como se nada o perturbasse, até que, chegando bem próximo à carcaça e o mau cheiro insuportável, Pedro não se aquentou e disse ao Mestre:
– Senhor, eis ali uma carcaça de um cachorro que exala mau cheiro e repugnância… vamos passar ao largo evitando o fedor e o asco?
O Mestre sorriu com a preocupação do discípulo e passando o braço sobre seus ombros encaminhou-se diretamente onde estava o animal putrefato.
Quando chegaram bem ao lado do cachorro, todos levando as mãos às narinas e evitando olhar o apodrecimento daquela matéria, foram surpreendidos pelas palavras do Grande Mestre:
– Realmente, Pedro, está fedendo demais, é quase insuportável, mas veja Pedro, que belos dentes tinha este cão… 
O Mestre conseguiu ver beleza até mesmo em meio à podridão, mas os discípulos viram apenas a matéria.
Quando a humanidade atingirá tal estágio e conseguir enxergar beleza na fealdade?
Walter de Oliveira Bariani

1º junho de 2015