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CANTINHO DO IRMÃO WALTER BARIANI (003)
QUEM SUBSTITUI O VENERÁVEL MESTRE?
04/02/2018
            Quando escrevi o livro sobre o REAA, o fiz baseado na Constituição e Regulamento Geral da Grande Loja Maçônica do Estado de Rondônia, portanto segui suas linhas diretivas e confirmei que a substituição do Venerável Mestre, em seus impedimentos e/ou faltas, seria sempre pelos Vigilantes, graças à compreensão de que se trata de artigo definido contemplando situações reais envolvendo o trio de dirigentes de uma Loja Justa e Perfeita.
Lógico e natural que os Vice Presidentes assumam o comando na ausência do titular, no entanto, em Maçonaria existem sempre algo diferente para complicar um pouco mais a historia, pois o Presidente, no caso, o Venerável Mestre, é um Mestre Instalado devidamente consagrado como tal em Cerimônia própria, portanto, por nossos usos e costumes, toma assento no Trono de Salomão, lugar que somente pode ser ocupado por um seu semelhante.
No entanto, regra não escrita, mas observada quanto à escalada administrativa destinada a todos os Obreiros, os Vigilantes não são Mestres Instalados, sempre com as exceções devidas, e a dúvida então se estabelece: pode ou não ocupar o referido Trono, eis a questão, porque o uso do Malhete é fato consumado.
Se olharmos pela ótica administrativa, não só pode como deve ali ter assento, pois se trata do dirigente dos trabalhos e apenas quem assume esta tarefa pode assim o fazer, mas atentem que disse administrativamente, porque simbólica e liturgicamente a visão é outra, visão esta que impede o fato e coloca o dirigente “pro tempore” de escanteio, sentado ao lado do Trono, esteja este ocupado ou não no momento. Ocupado porque uma das autoridades superiores pode se fazer presente e o direito ao Trono é devido à autoridade maior, situação que não “engulo” facilmente, tenho minhas restrições…
Revendo a história, que sempre socorre o pesquisador, observa-se que o Rito Escocês Antigo e Aceito, em seus primórdios, era operacionalizado em Templos cujo piso não possuía tantos degraus como de um tempo a esta parte, ou seja, os Altares dos Vigilantes e o acesso ao Oriente não possuíam degraus, era um só plano e a divisória entre o Ocidente e o Oriente era (ainda o é) pela Balaustrada com passagem ao meio.
Balaustrada vem de ser uma fileira de balaústres que forma um parapeito, e balaústre, termo empregado em meio maçônico como adjetivo de ata, é cada uma das pequenas colunas, com base e capitel, dispostas em fila nas balaustradas, ligadas superiormente por um corrimão de escada ou por parapeito de sacada, terraço, platibanda etc., de acordo com o dicionário eletrônico Priberam. À vista do exposto deduz-se que o motivo de usar o adjetivo prende-se a também se denominar os trabalhos escritos como colunas e/ou peças de arquitetura. Como o Balaústre Maçônico é composto por partes de um todo, o conjunto pode ser encarado como a reunião de pequenas colunas que o completam.
Nesse plano único, além da Balaustrada, destacava-se o Altar do Venerável Mestre por se situar sobre um patamar composto por três (03) degraus, cuja nomenclatura é guardada até os dias atuais: Pureza, Luz e Verdade.
Entretanto, a partir do momento em que foram incluídos mais sete (07) degraus e estes também receberam denominações, é preciso analisar o conjunto para entender a parte.
Os dez (10) degraus são:
2º Vigilante – acesso por um (01) degrau: PRUDÊNCIA – ensinando que o Homem Prudente não comete desatinos;
1º Vigilante – acesso por dois (02) degraus: JUSTIÇA e FORTALEZA – a prática da Justiça Fortalece o relacionamento humano;
Acesso ao Oriente – quatro (04) degraus: FORÇA, TRABALHO, CIÊNCIA E VIRTUDE – a Força aplicada ao Trabalho justo e honesto proporciona o desenvolvimento Cientifico voltado ao bem comum. O Homem que assim procede é Virtuoso;
Venerável Mestre – três (03) degraus – PUREZA, LUZ e VERDADE – a pureza de sentimentos com que o Homem age perante seu próximo, é como a Luz que rasgas as trevas e revela a Verdade para aquele que persegue o caminhar Justo e Reto.
Ora, o Obreiro ao fazer a caminhada perfectível iluminada pelas ensinanças Maçônicas, galga, metódica e gradualmente tais degraus, por serem condições exigidas àquele que busca o aprimoramento próprio, sempre enxergando as possibilidades de se tornar um elemento multiplicador do progresso humano.
Nada mais justo, portanto ao Obreiro Instalado na Cadeira de Salomão, deduzir que passou por todas as etapas sugeridas e encontra-se apto a resplandecer em seus atos a Verdade, porque ao longo de sua caminhada dentro da Sublime Ordem agiu com Prudência no trato com seus Irmãos; praticou a Justiça social exigida de um Obreiro da Arte Real, transformando-se numa Fortaleza inexpugnável onde o bom senso faz morada; utilizou a Força do Trabalho honesto e digno, fazendo da Ciência o cadinho depurador da fé e alcançou a Virtude, com humildade.
Finalmente, ao se tornar Sumo Sacerdote da paz e da fraternidade, como Mestre Maçom, trás a Pureza de sentimentos impregnada na alma, faz de sua vida um facho de Luz perene, imorredouro, e galga, triunfante, o derradeiro degrau de sua ascensão moral, ética e espiritual: o 10º e ultimo degrau: VERDADE, da qual se torna escravo, regozijando-se nas benesses prodigalizadas ao Homem Justo e Perfeito, o Mestre da Loja, solenemente Instalado na Cadeira de Salomão.
Voltando ao Templo antigo, onde apenas havia os três (03) últimos degraus, existem indícios concretos informando que o primeiro dos degraus era apenas para acesso aos demais, enquanto o segundo possuía espaço lateral proporcionando a colocação de cadeiras destinadas às autoridades presentes, ficando à direita do Trono para o 1º Diácono e mais uma cadeira, enquanto do lado esquerdo havia o mesmo dispositivo, sendo que um dos assentos destinava-se ao Porta Espada.
No terceiro degrau havia espaço apenas e unicamente para o Altar e o Trono de Salomão, porque apenas um Mestre Instalado tinha acesso e não se permitia que um Obreiro fora desta especificação ali colocasse os pés, por isso, nos dias atuais, quando o Venerável Mestre convoca o Orador e o Secretário para conferir a Bolsa de Propostas e Informações, tanto estes Oficiais quanto o Mestre de Cerimônias, que a conduz, postam-se à frente do Altar estacionados no segundo degrau.
Observando este dispositivo, infere-se que a substituição do Venerável Mestre, àquela época, podia ser realizada sem qualquer problema, pois estava tacitamente ajustado que o substituto dirigiria a Oficina assentado ou em seu lugar, possibilidade questionável, ou na cadeira situada à direita do Altar/Trono de Salomão.
A possibilidade do substituto dirigir a Oficina diretamente de sua Mesa e/ou Altar reside no fato de, ao não ter acesso ao terceiro degrau e assumir o Trono de Salomão, seu próprio Altar se tornava o centro administrativo no momento, mas como disse, ainda é questionável esta suposição, pois apenas vislumbres dessa possibilidade foi encontrada.
Após o exposto, fica a dúvida: se o plano dos Templos continuar como estão, e não há qualquer indicio de possíveis mudanças, como resolver o problema da substituição do Venerável Mestre quando o substituto não for um Mestre Instalado e como tal não pode nem deve subir ao terceiro degrau?
A sugestão de se eleger como Vigilantes apenas Mestres Instalados soa um tanto estranha, para não dizer bisonha e castradora da liberdade e do direito.
O mais viável seria modificar o artigo constitucional que prevê tal substituição e determinar que, em falta e/ou impedimento do Venerável Mestre assume o Mestre Instalado mais antigo do quadro da Loja, mas sob a presidência do Vigilante, contornando assim o problema de onde senta quem e do comando da Oficina que permanece com os Vice-Presidentes.
O assunto é polêmico, mas extremamente pertinente e deve merecer melhores e mais apuradas pesquisas visando o conhecimento pleno da verdade.
Eis o que tenho para este Cantinho.
TFA. 

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