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COLUNA POR UM

Walter de Oliveira Bariani

ECUMENISMO MAÇÔNICO.

            Não concordo com o conceito empregado no termo “Ecumenismo” quando o define como a união das religiões cristãs em uma só porque seria de uma pobreza intelectual extrema tal pensamento, terreno movediço em que se movem as religiões no trato com o ser humano.

 Ecumenismo deve ser entendido como o envolvimento de todas as crenças em torno de um Deus único, eliminando assim a necessidade da existência de religiões, mas para isso, se faz preciso discernir RELIGIOSISMO e RELIGIOSIDADE.

O primeiro, aliás, este termo não existe na língua portuguesa, entretanto à falta de outro mais abrangente o uso, conduz exatamente ao entendimento da letra, que mata e impede os grandes vôos do gênio, características dos que se deixam dominar moralmente em todos os tempos através da imposição religiosa de mediadores entre o criador e a criatura.

A religiosidade, ao contrário, envia ao entendimento mais amplo do significado universal que o mesmo encerra, ou seja, a exatidão ou pontualidade no cumprimento e execução dos atos e deveres de cada um que se traduz por fidelidade, probidade, retidão e zelo.  A Maçonaria conduz a esse estudo através de verdadeiros mananciais de sabedoria embasados na trilogia Tradição, Ciência e Filosofia.

            A tradição maçônica é de absoluta isenção sectário-religiosa exatamente por pregar o sincretismo, o amálgama de concepções heterogêneas próprias de uma instituição compromissada com a Verdade Absoluta, que não é patrimônio exclusivo da Maçonaria ou dos Maçons, mas de toda a humanidade que está destinada a seu pleno conhecimento através da evolução dos seres, caminho sem retrocessos em direção à Luz Maior, à Perfeição Humana.

            A diferença existente entre o religiosismo e a religiosidade pode ser compreendida quando a FÉ é objeto de estudo objetivo e isento dos miasmas dogmáticos.

O que é a FÉ?… O que representa esse sentimento íntimo que tem levado pessoas ao supremo grau do martírio com um sorriso nos lábios e semblantes radiosos de paz, enquanto a outros representa a concepção pura e simples da religião como único caminho da salvação eterna?

A diferença desses sentimentos se funda em dois aspectos fundamentais, quais sejam: a FÉ CONVERTIDA e a FÉ CONVENCIDA.

            A Fé Convertida é o apanágio daquele que pratica a Religiosidade Universal e se transforma em símbolo dessa Fé, que por sua vez, é como que uma alavanca de extremo poder moral a auxiliar decisivamente na remoção dos obstáculos que o Homem encontra em seu caminhar perfectível; é a Fé raciocinada à luz da razão.

            A Fé Convencida é exatamente o contrário: é o Religiosismo que escraviza o ser humano que se deixa convencer por argumentos de outrem e necessita de quem o guie, o conduza.

            Enquanto a primeira é experimentada por poucos no seio da humanidade, como Cristo, Gandhi, Francisco de Assis, Lao Tsé, Budha, Sócrates, Platão e, mais recentemente, Allan Kardec, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, Frei Damião, dentre outros – claro que não na mesma proporção e intensidade por existir etapas evolutivas diferentes – a segunda se reflete na imensa maioria dos seres viventes crentes da Boa Nova pregada não mais por Cristo, Bhuda ou outro dos acima citados, mas por modernos profetas que ainda em nossos dias, em pleno alvorecer do Terceiro Milênio, subjugam seus seguidores aos talantes das normas ditadas por Abraão, Moisés, Isaac, David, Jacó…, pois hoje, o cerne do cristianismo retificado a partir do Concílio de Nicéa no ano 325 da Era Cristã é eminentemente hebraizante, isso porque a mensagem do Cristo, mesmo passados dois milênios, continua tão escandalosamente moderna e revolucionária que as religiões acharam mais prudente retornarem às ideologias tradicionais e decadentes do judaísmo anacrônico.

            A Liberdade de Consciência, atributo maior da criatura humana face ao Grande Arquiteto do Universo, que é o mesmo Deus, o Criador Incriado, não se coaduna com o fanatismo ditado por dogmas da fé apregoados por religiões como verdades absolutas, quando não passam de artifícios engendrados por mandatários de todos os tempos visando a dominação do Homem pelo temor a Deus e a Satanás, pobre diabo criado pelo sistema religioso para ser o “sócio” de Deus na tarefa de infernizar a vida do quem-seja, deturpando por completo o sentido divino da doutrina do amor fraternal e universal.

            A Maçonaria, herdeira inquestionável de todas as correntes filosóficas voltadas a formar o Homem como Livre Pensador, exige de seus adeptos o estudo aprofundado de seus Mistérios, que vem a ser os da própria vida, sempre pautando pelo crivo da Razão e pelo cadinho depurador da Ciência.

A Fé Convencida é cega e leva ao fanatismo.

            A Fé Convertida é lúcida, límpida e “remove montanhas”.

Porto Velho, RO, 10 de maio de 2012.
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