MEMÓRIA DESTRUÍDA
Minha gente, bom dia.
Esperei vários dias para opinar sobre um crime de lesa humanidade ocorrido nesta terra dos valores invertidos.
Refiro-me ao incêndio, criminoso, que destruiu 200 anos de nossa memória pátria, nossa ancestralidade enquanto nação, logicamente estou me referindo ao Museu de História Natural, palco insuspeito da inépcia, má vontade misturada com arrogância e uma grossa pitada de corrupção instituída em todos os quadrantes do país.
A espera a que me submeti foi exatamente para dar um tempo a ver se surgia alguma luz no final do túnel, tênue que o fosse, mas enfim, uma luz, no entanto decorridos tantos dias nosso povo não foi respeitado em seus direitos, pois mais uma vez nossas “autoridades” continuam cegas, surdas e mudas… nem mesmo uma hipótese viável, oficial, se conjetura, como se o trágico e insultante incêndio fosse a coisa mais natural do mundo.
Não obstante a falta de informações concretas, corriqueira em se tratando de Brasil, inclino-me a considerar, dentre tantas, duas possibilidades para o sinistro ter ocorrido, ambas absurdas de ocorrer em um país sério.
A primeira hipótese seria a queda de um balão, também atitude corriqueira neste país dos absurdos viáveis, notadamente no Rio de Janeiro, onde centenas de cidadãos piromaniacos e irresponsáveis empregam milhares de reais nas confecções de verdadeiras bombas de efeitos tão devastadores não apenas ao meio ambiente, mas também ao patrimônio histórico e cultural de nossa pátria. E, para piorar ainda mais a situação, tais “baloneiros”, apesar das proibições continuam a colorir os céus com seus aparatos e a colocar em risco milhares de vidas, não só humanas e silvestres, como também nossa memória cultural, já de si tão desprezada…
Quantos hectares de mata, quantas casas foram destruídos com a queda de tais artefatos? Quantos vôos foram cancelados, quantos pousos foram arremetidos, quantas vidas humanas foram colocadas em risco de morte graças a esta prática abominável?
A segunda hipótese é tão absurda quanto à primeira: descaso para com nossa memória, nossa historia e nossa dignidade enquanto nação democrática e livre, pois enquanto as lideranças políticas e funcionais se refestelam nos charcos da corrupção, da mentira, do engodo, do aviltamento de nossos sagrados usos e costumes, encastelado nos podres poderes pátrios, verdadeiros cupins amaldiçoados a devorarem com avidez inusitada toda a estrutura da pátria, vão se desfazendo lenda e gradualmente todos os ícones culturais que ainda resistem aos ataques nefastos dessa praga desgraçada conhecida classe política brasileira, com raríssimas exceções, infelizmente.
O Museu de História Natural é apenas um dentre milhares que se encontram nas mesmas condições de preservação, ou seja, péssimas, sofríveis, vergonhosamente devastados pela incúria governamental em todos os níveis da administração pública.
Se perguntarmos em nossos meios sociais e familiares sobre quem ou quantos já visitaram um museu, entenderemos porque continuamos a ser um povo inculto, uma das inúmeras razões que não nos permite apontar este ou aquele culpado por tantos desastres anunciados e não solucionados a tempo, porque precisamos repartir entre todos nós, brasileiros, as responsabilidades por tanto descaso, afinal fomos nós que colocamos esses cidadãos nos cargos que ocupam e por mais que roubem, mintam, desgracem o país, continuamos a eleger essa classe ordinária de políticos rastaqüeras ao extremo.
Instituições sabidamente criadas visando sabotar a cultura e a educação estão ai por todo território nacional, como por exemplo, o famigerado Foro de São Paulo, vergonha nacional, continuam céleres com o planejado desmantelamento de nossas instituições ligadas àquelas áreas, cujo objetivo é a implantação do socialismo bolivariano em nossa amada e tão desrespeitada pátria afinal, quanto mais ignorante o povo, melhor o controle sobre o mesmo.
Os cupins que fragilizaram o madeiramento do Museu são aprendizes de feiticeiro perto dos vorazes cupins políticos que devoram, deterioram, fragilizam todo o organismo social e econômico brasileiro.
Além de tudo, continuamos a fechar a porta depois que o ladrão a arromba!!! Não é que o Ministério da Cultura, responsável por todos os nossos monumentos e memórias culturais, depois do incêndio, resolveu destinar dez milhões de reais para os trabalhos de restauração do prédio? E não ficou só nisso, liberou mais outros cinco milhões de reais para não sei o que, ou seja, o absurdo é tão grande que não há palavras que possam expressar tanta indignação, porque bastava pouco mais de quinhentos mil reais por ano para a preservação do Museu, parece mentira, mas falando nem Deus acredita…
Ante tanto descaso, incompetência e roubalheira, realmente não há memória nacional que resista.
Walter de Oliveira Bariani
Porto Velho, RO, 14/09/2018.